segunda-feira, 10 de agosto de 2009

170 anos do surgimento da fotografia - Mario Cravo Neto

"Nestes dias de comemoração dos 170 anos da Fotografia, tenho a tristeza de ter que anotar a morte de meu querido amigo Mariozinho – Mario Cravo Neto.

Grande fotógrafo, escultor. Nos conhecemos em São Paulo, no final dos anos 60. Em 1971, na primeira vez que fui à Bahia, pude revê-lo e conhecer seu pai, Mário Cravo Junior, grande escultor. E meu amigo também, que agora, já velhinho, vai enterrar seu amado filho. É barra.

Voltei outras vezes à Bahia, e em 76, morei seis meses em Salvador, trabalhando no Jornal da Bahia e como correspondente da revista Visão.

Aí nossa amizade estreitou-se. Era sempre recebido pelos Mários em suas casas com muito carinho, muita conversa boa, podendo sempre acompanhar o trabalho de ambos. Ví duas belas exposições de fotos: uma no Solar do Unhão, com multiprojeção de slides, uma sinfonia fotográfica, e outra que realizou juntamente com Vicente Sampaio Neto, de fotos pb, lindíssimas. Em sua casa conheci ainda Miguel Rio Branco, outro fantástico fotógrafo. E conheci ainda uma princesa italiana que nos preparou um macarrão inesquecível...

Mário Jr levou os filhos prá Europa, e Mariozinho cedo estava estudando fotografia na Alemanha. Vi coisas maravilhosas produzidas por ele, como fotógrafo. Era também escultor, mas suas fotos se afirmaram. Tenho um livro seu, “Ex-voto”, com fotos belíssimas desses trabalhos escultóricos oferecidos como agradecimento a graças obtidas.

Depois que mudei de Salvador, de volta aqui prá Floripa, nos encontramos mais algumas vezes em São Paulo, ao longo dos anos.

Nunca mais voltei à Bahia. Felizmente, não perdemos Mário Cravo Neto – suas fotos ficam como uma maravilhosa presença na vida brasileira".

Dario de Almeida Prado Jr.



Acompanhe os 170 anos do surgimento da fotografia clicando aqui



Mario Cravo Neto (Salvador BA 1947), fotógrafo, é filho do escultor Mário Cravo Júnior. Inicia seu trabalho com escultura e fotografia aos dezoito anos e na década de 60 tem aulas de fotografia com Hans Man. Em 1965, parte para Berlim com a família. Lá, entra em contato com o meio internacional e com uma discussão mais ampla sobre arte. É nessa temporada que tem aulas com o fotógrafo Fúlvio Roiter na Itália.

Em 1968 matricula-se na Arts Students League, em Nova York, sendo aluno do artista plástico Jack Krueger e do fotógrafo Lisl Steiner. Em 1970 volta para o Brasil e participa da 9ª Bienal Internacional de São Paulo.

Nos anos 70 desenvolve trabalhos em fotografia, escultura, instalação e filme. Tal atividade é interrompida por um acidente automobílistico, em 1975, pelo qual passa um ano em recuperação. Sobre esta situação o artista realiza o filme super-8 Luz & Sombra.

Recuperado, passa a se dedicar com mais intensidade à fotografia, a dimensão mais conhecida do seu trabalho, apesar de ainda realizar escultura e receber o segundo prêmio de escultura no Panorama 78 do MAM de São Paulo. Desde 1975 é diretor de fotografia também para o cinema, recebendo a Coruja de Ouro da Embrafilme de melhor fotografia por Ubirajara, dirigido por André Luís Oliveira. Recebeu também o prêmio APCA de melhor fotógrafo do ano em 1980 e 1995, e o Prêmio Nacional de Fotografia da Funarte em 1996.


Nenhum comentário:

Postar um comentário